Equipa

Lembro-me como se fosse ontem. Tinha, talvez, cinco anos, e estava deitada no terraço da minha infância, em pleno Agosto. O meu quarto, de águas furtadas, sufocava, e nessa altura as noites quentes eram constantes! Lembro-me de encarar um céu demasiado estrelado! Lembro-me de um sentimento avassalador e, lembro-me, sobretudo, de pensar porque estava eu ali, a poder contemplá-las; milhares de estrelas! Eu, estreante no planeta Terra, a fazer perguntas! Este tipo de deslumbramento acompanha-me desde então. Mais pequenino, mais reservado, mas está cá! Li recentemente que, para olhar uma flor no campo, é preciso que o campo exista, que outras flores existam, que o sol e a chuva cumpram a sua missão, que as abelhas não morram, e que alguém esteja ali para dar por ela! Ou não! Claro que para quem que se lembra de fazer perguntas tão cedo, a Filosofia e a História surgiram com toda a naturalidade na minha vida, apesar de ter colocado outras tantas hipóteses, como astronomia, veterinária, antropologia e até política! Hoje quando encaro o céu, sou aquela criança de cinco anos com a experiência de vida de quarenta e nove. E são os quarenta e nove anos que encaram o mundo de hoje! O mundo mudou e a Natureza ainda responde quase da mesma maneira! E é este quase que me preocupa. Dou todos os dias por isso! Damos todos os dias por isso! Espero que este projecto possa, de alguma forma, ser um singelo contributo para mudarmos de perspectiva em relação ao mundo, e quiçá, trazer à tona, a quem nele habita, o mesmo deslumbramento que me trouxe até aqui e, assim, religar-mo-nos numa vontade conjunta pela preservação da vida no planeta que nos acolhe, numa espécie de tributo pela sua tamanha generosidade, pelo facto de, apesar de tudo, ainda nos deixar que aqui continuemos!